Assim como na vida, Mart’nália, na arte, é desprovida de preconceito. No Em samba, o DVD que acaba de lançar, embora privilegie músicas de compositores consagrados historicamente ligados ao gênero, interpreta, também, autores que frequentam outras praias. O show, gravado no Centro Cultural João Nogueira, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, mostra a cantora bem à vontade ao lado de sua banda e de dois convidados, Martinho da Vila e Emicida. O rapper paulista funde samba e hip hop no clássico Chiclete com banana (Gordurinha), imortalizado por Jackson do Pandeiro.
Mas, antes de qualquer coisa, esse projeto serviu para Mart’nália homenagear sambistas pelos quais demonstra ter grande admiração de Dona Ivone Lara a Monarco, passando por Noel Rosa, Geraldo Pereira, Adoniran Barbosa e, claro, o pai Martinho. “São mestres que venho, há algum tempo, reverenciando em minhas apresentações. Mas canto, também, músicas de compositores que aparecem em meu trabalho pela primeira vez, como é o caso de Carlinhos Brown, Lula Queiroga, Marcelo Camelo e dos novatos Rodrigo Lampreia e Beto Landau, do grupo Benditos”.
Embora não colocado de forma explícita pela cantora, O Mart’nália em Samba — Ao vivo — que saiu, também, no formato CD —, com repertório recheado de clássicos, visa alcançar uma fatia maior do público. E busca isso com o jeito descolado e o anticharme de uma artista que, ultimamente, se desdobra, atuando como atriz, na série Pé na cova em que dá vida à lésbica Tamanco, um dos personagens mais populares de série criada por Miguel Falabela.
Na elaboração do extenso roteiro, dividido em oito blocos, Mart’nália se juntou a Martinho e à sua empresária Márcia Alvarez. No primeiro, que abre com a vibrante Peço a Deus (Eder Ferreira Lima e Edson Fagundes), antigo sucesso do saudoso Mestre Marçal, foram reunidas canções de Caetano Veloso (Pé do meu samba), Ana Carolina (Cabide) e Ela é minha cara (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos), transformadas em hits pela cantora.
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