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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Como foi a primeira edição do Maximus Festival.



Este feriado de 7 de setembro chegou pesado a São Paulo. Pelo menos em relação à música. A primeira edição do Maximus Festival reuniu, no Autódromo de Interlagos, 15 bandas de rock e metal em três palcos diferentes durante toda a tarde desta quarta-feira. Entre as principais atrações, Marilyn Manson, Rammstein, Disturbed, Bullet For My Valentine e Halestorm, além das brasileiras Project 46 e Far From Alaska.
Em sua estreia, o festival trouxe o esperado para um evento desta proporção: line-up diversificado e preços altos de bebidas e comidas. A infraestrutura, menor do que a do Lollapalooza, também realizado em Interlagos, aproximou os três palcos, o que facilitou o deslocamento do público.
Logo no início do evento, que começou por volta do meio-dia, a organização anunciou a segunda edição do Maximus Festival: 20 de maio de 2017, também no Autódromo de Interlagos.
Além do som, o evento também reservou uma área de entretenimento e gastronomia, com exposição de fotos e área de alimentação com o chef Henrique Fogaça, do programa "MasterChef".
Para entrar no festival, o público recebeu uma pulseira que funcionou como um cartão pré-pago, que podia ser carregada com "metals", a moeda local do evento. Para comprar qualquer produto, só era preciso passar a pulseira nas máquinas. Mesmo assim, os donos das lojas admitiram que as vendas não foram muito boas, justamente pela necessidade de ter créditos na pulseira para realizar qualquer compra.
Lá dentro, a água em copo custava 1,5 "metal", que convertendo para o real saia por R$ 5,62. Já uma lata de cerveja Budweiser saia por 3 "metals", ou R$ 11,25. Para se alimentar, era preciso desembolsar um mínimo de R$ 11,25 (ou 3 "metals") por um pastel ou churros, ou até R$ 18,75 (5 "metals"), preço de um hambúrguer ou de um prato de lasanha.
A primeira atração do dia foi a Ego Kill Talent, que abriu a programação de shows. A banda é formada por Jonathan Corrêa, líder da Reação em Cadeia, com os músicos Jean Dolabella (ex-Sepultura), Theo Van Der Loo e Raphael Miranda (ambos ex-Sayowa) e Estevam Romera (Desalmado).
Veja abaixo o que rolou nos principais shows da primeira edição do Maximus Festival, que segue para Buenos Aires (Argentina) neste sábado:
Flávio Florido/UOL
Steve 'N' Seagulls: Bluegrass com hard rock

Steve 'N' Seagulls

Apesar de o evento reunir grandes nomes de diferentes estilos de metal, o palco Rockatansky abriu com a banda finlandesa de bluegrass Steve 'N' Seagulls. Munidos de violão, contrabaixo, bandolin, banjo e bateria, o quarteto tocou vários clássicos do metal e do hard rock. Abrindo com "Paradise City", do Guns N' Roses, o quarteto ainda passou pela discografia de Iron Maiden, com direito a solo de banjo em "The Trooper", Metallica e AC/DC. Essa é a estreia no Brasil deste simpático grupo que explodiu na internet em 2014 com o cover de "Thunderstruck", do AC/DC, com mais de 27 milhões de visualizações, e desde então entrou em turnê. O público aprovou o karaokê metaleiro e cantou junto, além de arriscar uns passos desengonçados.
Flávio Florido/UOL
Far From Alaska: vocal poderoso de Emmily

Far From Alaska

Banda de Natal (RN), o Far From Alaska movimentou o público do Maximus Festival mesmo com apenas meia hora de show. O palco Thunder Dome, o menor do evento e que juntou as bandas nacionais da edição, foi dominado pela poderosa vocalista Emmily Barreto, mas fazendo jus à banda toda, o grupo mostrou mais uma vez porque é um dos grandes nomes da nova geração do rock brasileiro. Formada em 2012, a banda dedicou maior atenção ao elogiado álbum de estreia, "Mode Human", lançado em 2014 e que foi considerado um dos melhores daquele ano pela mídia especializada. Mesmo com alguns problemas técnicos no fim do show, o público apoiou a banda.
Flávio Florido/UOL
Hellyeah: sangue falso e poder gutural

HellYeah

HellYeah subiu ao palco principal festival sendo liderado pelo vocalista Chad Gray, que além de explodir sangue falso no rosto, mostrou todo o poderio gutural. "Eu não falo português, mas falo metal", brincou o cantor, antes da introdução de "Reign in Blood", do Slayer, soar no gigantesco complexo de som de Interlagos. Milhares de pessoas se deslocaram até o palco Maximus para ver a banda, que ainda conta com o ex-Pantera Vinnie Paul comandando as baquetas. Para quem estava mais afastado do palco, o som do Thunder Dome, em que a banda Project46 se apresentava, acabou vazando um pouco. O HellYeah também foi responsável pelo primeiro grande mosh orquestrado, claro, pelo vocalista.
Flávio Florido/UOL
Project46: set curto, mas invocado

Project46

O público que não acompanhava o HellYeah esteve no palco Thunder Dome para ver o show do Project46. A banda é um dos maiores nomes do metal nacional e foi acompanhada pelos fãs que curtiram um set curto, mas invocado. O último álbum, "Que Seja Feita a Nossa Vontade", teve atenção especial no show, que encerrou a participação do Brasil no festival. "Me faltam palavras para agradecer a participação de vocês aqui", completou o vocalista Caio MacBeserra antes de se despedir.
Flávio Florido/UOL
Halestorm: desfile sonoro de Lzzy Hale

Halestorm

O sol tinha acabado de dar as caras quando Lzzy Hale e seu Halestorm começaram o show. A excelente cantora distribuiu charme e técnica ao passar pela discografia da banda. Ora raivosa, ora chamando o público como se estivesse em um culto religioso, como na música "Amen", Lzzy não poupou a voz para elogiar o Brasil, e em cada intervalo entre as músicas alcançava notas cada vez mais altas, quase em um desfile sonoro. A banda se apresentou na última edição do Rock in Rio e, desde então, lançou o álbum "Into the Wild Life". Em 50 minutos de show, o baterista Arejay também mostrou o lado carismático enquanto fazia seu solo, que ainda teve participação do baterista John Fred Young, do Black Stone Cherry, que havia tocado horas antes.
Flávio Florido/UOL
Bullet For My Valentine: Ícone do metalcore

Bullet For My Valentine

Ícone do metalcore, o Bullet For My Valentine tocou no palco Rockatansky do Maximus Festival. O último álbum deles, "Venon", lançado em 2015 teve destaque, mas a banda também tocou sucessos do início da carreira, que completa quase 20 anos. Com um palco simples, com as letras B F M V em tiras, a banda mostrou peso principalmente com o bumbo duplo do baterista Michael Thomas. O frontman Matthew Tuck, que faz o tipo galã do metal, trocou algumas palavras com os fãs. Mesmo assim, o publico pareceu um pouco disperso durante a apresentação, boa parte se deslocando para as áreas de recreação e alimentação antes dos três últimos shows da noite.
Flávio Florido/UOL
Disturbed: pulso ao alto e muitos covers

Disturbed

A noite chega e com ela o Disturbed sobe ao palco Maximus para fazer sua apresentação no festival. O vocalista David Draiman logo chama o público com a faixa "Ten Thousand Fists", que coloca a platéia em êxtase, jogando o pulso para cima em resposta. No alto da estrutura do palco, labaredas eram impulsionadas contrastando com a luz vermelha que invadia o palco. O último álbum do grupo, "Immortalized", ganhou destaque, principalmente na bela e pesada versão do clássico "Sound of Silence", de Siomon & Garfunkel, com direito a violino e um mar de celulares acesos. Uma sequência de covers também pintou no repertório, caso de "Still Haven't Found What I'm Looking For", do U2, "Baba O' Riley", do The Who, e "Killing In The Name" , do Rage Against the Machine. Voltando às músicas da banda, "The Light " foi regida por David, que pediu no refrão para que o público iluminasse o autódromo de Interlagos.
Raphael Castello/AgNews
Marilyn Manson: "É tão bom estar de volta"

Marilyn Manson

Depois de quase uma década sem pisar em solo brasileiro, Marilyn Manson foi o último artista a subir no palco Rockatansky. Com um colete discreto por cima de uma camisa sem mangas e a tradicional maquiagem preta nos olhos, o cantor saudou o público. "É tão bom estar de volta, vocês são lindos", disse. Marilyn trocou de roupa e vestiu um blazer dourado antes de tocar um trecho de "Moonage Daydream", de David Bowie, em um tributo ao cantor que morreu em janeiro deste ano. Outra parte do show que chamou a atenção, foi quando um retrato de Marilyn apareceu em uma nota de dólar americano, com o valor 666. "Quantas pessoas aqui estão drogadas essa noite? Vou pedir para prenderem vocês", declarou em tom de brincadeira. "Sweet Dreams (Are Made of This)", maior hit do cantor, também não ficou de fora. 
Flávio Florido/UOL
Rammstein: esqueçam o celular e curtam

Rammstein

Com um palco móvel, cheio de surpresas, o Rammstein fechou o evento com o melhor show do dia. Antes do início do show, a banda alemã pediu que o público não se preocupasse em tirar fotos e curtisse o show. O vocalista Till Lindemann surgiu então todo de branco e com uma cartola que logo viraria uma explosão ensaiada. Referência do metal industrial, a banda não vinha para o Brasil desde 2010, por isso a ansiedade dos fãs. Ora com roupa de couro, ora com um grande capuz marrom, Till também atraiu as atencões por todo o trabalho teatral com o qual comanda o grupo. 

Antes do início do show do Rammstein no Maximus Festival, a frase "Curtam o show e não se preocupem em filma-lo", aparecia nos telões em português e inglês. Talvez eles saibam que o público brasileiro gosta muito  do celular ou é praxe da banda fazer isso, se levarmos em conta o que eles apresentam no palco.
O grupo alemão veio ao Brasil para sua terceira apresentação - a segunda solo - nessa quarta-feira (07) e não decepcionou o público presente em Interlagos. Com um setlist potente, e um show impecável, a banda foi o grande nome da noite. O Rammstein dividia a atenção de ser um dos grandes nomes do festival, em conjunto com Marilyn Manson, e isso mostra o tamanho que a banda conseguiu alcançar fora da Europa. Afinal de contas, eles cantam em alemão e, ao mesmo tempo em que isso garante ainda mais potência para seus shows, também pode ser um fator limitante.
A apresentação reúne tudo que um fã de grandes espetáculos pode esperar: Iluminação planejada para alterar o clima do palco a cada nova música, fogos de artifício e um cenário móvel que se transforma a cada novo ato da apresentação. Um show que foge do padrão em todos os quesitos e emula muito do teatro e da ópera, com cada membro assumindo uma postura, ou um personagem no palco, com destaque para o vocalista Till Lindemann, que se comporta como um bufão despretensioso durante todo o tempo em que está em cena. Outro detalhe interessante é que a banda praticamente não se comunica com a plateia o que não chega a fazer falta, graças ao poder hipnótico do que é apresentado para o público.
Essa característica de falta de interação mais a postura de Till coloca em foco alguns momentos nos quais é possível perceber o uso de playback, mas como o frontman afirma no documentário que mostra a gravação do último álbum de estúdio do Rammstein - Liebe ist für alle, de 2009 - Making of LIFAD, ele se vê mais como alguém que entretém do que como um vocalista. Então, a junção de sua voz com overdubs e/ou playback tem a função de manter o show no topo o tempo todo. E eles conseguem fazer isso da melhor forma.
Vale a pena destacar ainda a engenharia do palco, que impressiona tanto pelo tamanho quanto pela praticidade e rapidez das diversas mudanças. E isso faz surgir a pergunta: Por que uma banda como o Rammstein ainda não lota estádios ao redor do mundo? Talvez pela opção por cantar em alemão, o que funciona como um atrativo, mas limita a audiência que considera a sonoridade do idioma menos melódica aos ouvidos. Talvez... De qualquer forma, o show do grupo já é um festival.
De qualquer forma, o grupo entoou alguns de seus principais sucessos, cantados a plenos pulmões pelo público presente, como "Du hast" e "Te Quiero Puta". No fim de tudo, depois de fogos, luzes e uma apresentação impecável, o que resta é o desejo de que os alemães demorem menos tempo para fazer sua próxima apresentação em terras tupiniquins.

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