História do Rock - Capitulo II
"Musicalmente falando, quem primeiro definiu o estilo rock and roll foi Bill Haley, que baseado principalmente no country criou uma batida diferente acentuada no segundo e quarto tempos de uma marcação 4x4. A data mais comumente aceita como a da criação do rock and roll é a do lançamento da música (We’re Gonna) Rock Around The Clock de Bill Haley and The Comets, em 12 de Abril de 1954, embora dezenas de gravações anteriores já apresentassem um ou outro fator do que viria a se cristalizar como rock and roll (o próprio Bill Haley havia gravado no mesmo ano, um pouco antes, a música Shake Rattle and Roll).
E quando todos pensavam que nada pior poderia influenciar em tão grande escala a juventude americana eis que um negro, Chuck Berry, sobe às paradas com uma versão para o hit country Ida Red, renomeado para Maybelline (da qual consta o nome de Allan Freed como autor embora este não tenha ajudado na composição). Embora nunca tenha conseguido para si o título que lhe poderia ser devido de rei do rock (usurpado pelo branco Elvis) sua importância nunca foi discutida.
Em 1956 enquanto Elvis Presley consolidava seu sucesso com novos hits como Heartbreak Hotel, Blue Suede Shoes (que deveria ter sido lançada pelo seu autor, Carl Perkins, não tivesse este sofrido um grave acidente de carro que o deixou paralisado um ano) e regravações de músicas já consagradas como Tutti Frutti (com Little Richard) e Shake Rattle and Roll (com Bill Haley) tornava-se urgente para outras gravadoras achar artistas que pudessem rivalizar Elvis ou ao menos conseguir alguma repercussão usando de seu estilo.
A Sun tentando se livrar do estigma que a perseguiria de ser apenas a gravadora que descobriu Elvis e o vendeu por (apenas depois isso seria óbvio) uma ninharia, lançava Roy Orbison com Ooby Dooby. Como pianista já tinha em seus estúdios aquele que viria em pouco tempo a ser seu grande trunfo e tentativa mais eficiente de igualar o sucesso de Elvis, Jerry Lee Lewis. A Capitol Records responderia a Elvis com Gene Vincent and The Blue Caps, marcado pelo estilo do vocalista que balançava em torno de sua perna parada (na verdade paralisada em virtude de um acidente de moto) e pelo hit Be Bop A Lula.
Já sobre o comando do empresário Tom Parker o talento de Elvis era aproveitado também no cinema no filme The Reno Brothers, logo renomeado para Love Me Tender em virtude do grande sucesso da canção tema. Não tardam a aparecer outros filmes com participações de astros do rock, como Rock Around The Clock e Don’t Knock The Rock (apresentando Bill Haley e Allan Freed), The Girl Can’t Help It (Little Richard, Gene Vincent, Eddie Cochran), entre outros. Enquanto isso, na Inglaterra, com algum atraso, o filme Blackboard Jungle levava o rock and roll ao reino unido.
Com o alistamento obrigatório de Elvis Presley nas forças armadas em 1957 o fim do rock and roll foi anunciado pela primeira vez. Afinal o que haveria neste rítmo que o poderia fazer mais durável do que tantos outros como o cha-cha-cha, a rumba, o calipso, o mambo?
Contrariando todas as previsões novos hit makers surgem de onde menos se espera. Se juntando à banda Crickets o até então inexpressivo Buddy Holly, de Nashville, prova com os hits açucarados That Will Be The Day e Peggy Sue que o rock poderia ser domado e usado associado a um bom moço e letras românticas sem segundas intenções.
As esperanças de menos rebeldia e dias mais calmos no radio não se concretizariam, obviamente. Seja por lançamentos como School Days de Chuck Berry (uma ode ao fim das aulas) ou pela explosão tardia de Jerry Lee Lewis com Crazy Arms e Whole Lotta Shakin’ Going On.
Com o ingresso de Elvis nas forças armadas (a despeito de este ter deixado gravado material para dezenas de lançamentos e um filme gravado, King Creole) Jerry Lee Lewis era o candidato natural para seu posto, rebelde, carismático... e branco. Seu apelo ao público era proporcional ao seu ego e Great Balls Of Fire rapidamente se tornou o sucesso do ano de 1958. Sua carreira viria a derrocar de maneira tão meteórica quanto surgira em virtude de vir a público seu casamento com a prima de 13 anos, Myra Gale Brown, e de ele nem ao menos ter tido o cuidado de desmanchar um de seus casamentos anteriores, sendo portanto um bígamo, o que era demais para a sociedade da época.
1958 vê ainda Chuck Berry lançar dois dos maiores clássicos do rock de todos os tempos, Sweet Little Sixteen (sim, sobre garotas adolescentes) e Johnny B. Goode (quase auto biográfica). O Rock bonzinho e romântico por sua vez reage com All I Have To Do dos Everly Brothers. James Brow lança seu primeiro grande hit, Try Me.
A década termina com Chuck Berry sendo preso por cruzar uma fronteira estadual com uma prostituta (que teoricamente havia sido contratada para trabalhar em um clube de sua propriedade
Os fatos citados acima eram emblemáticos e fáceis de notar mas os problemas do rock não se reduziam a estes. O estilo estava gasto em virtude da superexposição e mesmo grandes nomes como Carl Perkins e Jerry Lee Lewis estavam tomando o caminho mais lucrativo do country. Elvis Presley, de volta de seu serviço nas forças armadas, passaria de rockeiro rebelde a entertainer familiar, gravando praticamente apenas baladas. A juventude finalmente notara que Bill Haley e Allan Freed afinal já não tinham idade para serem ídolos jovens. Talvez o rock finalmente tivesse morrido. Ou talvez apenas precisasse de algumas mudanças.
Fonte: Whiplash
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