Aos 71 anos, Elke Maravilha morreu por volta de 1h desta terça-feira (16), na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro, onde estava internada desde o último dia 20 de junho.
A atriz estava em coma induzido após ser operada por conta de uma úlcera no intestino e morreu após complicações no seu estado de saúde.
Nascida na Rússia, em 22 de fevereiro de 1945, Elke Georgievna Grunnupp emigrou para o Brasil ainda na infância, onde foi naturalizada. Foi presa por desacato durante o regime militar, passou por diversas profissões e vários casamentos, defendeu a arte pornô – sendo até rainha de associação de prostitutas – até tornar-se uma famosa atriz de cinema.
Seu último espetáculo, antes dos mais recentes problemas de saúde, foi “Elke canta e conta”, no qual narrava a trajetória de sua vida desde a Rússia, passando pelos casamentos e carreira artística.
Em seus discursos e entrevistas, Elke sempre exaltava a vida, a qual fazia questão de encarar intensamente. Era uma mulher intelectual e falava sete idiomas.
Em entrevista ao programa Provocações, Elke Maravilha conversou com Antônio Abujamra sobre vários temas inclusive sobre a vida e a morte. A felicidade para Elke Maravilha era o estado de plenitude, sempre fugaz. Ela também era uma entusiasta das relações humanas, ela dizia: a convivência é o que há de melhor em viver, aproveitem e convivam uns com outros.
Confira no vídeo abaixo a entrevista na íntegra:
As informações sobre seu sepultamento, como local e data, estão para ser definidas pela família. Em breve, divulgaremos mais detalhes sobre a morte de Elke Maravilha.
Na página da artista no Facebook, um comunicado informou a morte.
— Avisamos que nossa Elke já não está por aqui, conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses, que ela tanto amava, estejam com ela nessa viagem. Eros anikate mahan (O amor é invencível nas batalhas). (Crianças, conviver é o grande barato da vida,aproveitem e convivam).
Elke Maravilha nasceu em 1945, em São Petersburgo, na Rússia, e se mudou para o Brasil com a família aos seis anos. A artista, que é filha de pai russo e mãe alemã, passou a infância no interior de Minas Gerais e, aos 20 anos, se mudou para o Rio de Janeiro.
Falando oito idiomas (alemão, italiano, espanhol, russo, francês, inglês, grego e latim), trabalhou como secretária trilíngue, bibliotecária e bancária antes de ingressar na carreira artística.
Aos 24 anos, chamou atenção pela altura, os cabelos loiros e começou a carreira de modelo, trabalhando com grandes nomes da moda e tendo destaque nas passarelas.
Em 1972, estreou como jurada no Cassino do Chacrinha e se tornou conhecida do grande público com seu estilo extravagante e ousado. Elke trabalhou durante 14 anos com o Velho Guerreiro. Depois, foi jurada do Show de Calouros, com Silvio Santos, e comandou um talk show no SBT.
Além dos trabalhos como jurada, ela também participou de minisséries, novelas e fez diversas participações em programas de TV. Elke também teve uma carreira no cinema e participou de inúmeros filmes como Xica da Silva,Pixote, a Lei do Mais Fraco, Zuzu Angel e Meu Passado Me Condena. Elke ainda teve destaque no teatro e participou de diversas produções.
O estilo de Elke marcou gerações. Em seu site pessoal, ela falou sobre como surgiu esse jeito exótico de se vestir.
— Perguntam-me como criei este estilo, este visual que me caracteriza. Digo que sempre busquei compor este jeito, claro que não era assim como agora, pois hoje a coisa é mais abrangente, com o tempo venho me descobrindo muito mais por dentro e colocando o que descubro para fora. Costumo dizer que sempre fui assim, só que com o tempo estou piorando! Na realidade, sempre fui um trem meio diferente, sabe? Ainda adolescente resolvi rasgar a roupa, desgrenhei o cabelo, exagerei na maquiagem e sai na rua... Levei até cuspida na cara. Mas foi bom porque entendi aquela situação como se estivessem colocando-me em teste. Talvez, se meu estilo não fosse verdadeiramente minha realidade interior, eu teria voltado atrás. Mas sabia que nunca iria recuar. Eu nunca quis agredir ninguém! O que eu quero é brincar, me mostrar, me comunicar.
Na vida pessoal, Elke teve oito casamentos e realizou três abortos. Em entrevista para a revista Istoé Gente, ela contou que sempre soube que não tinha talento para ser mãe e não saberia educar uma criança.
Na época da Ditadura Militar, a artista chegou a ser presa. Elke passou seis dias detida e afirmou em entrevista que tomou tapas na cara. “Fui para o interrogatório com a cara pintada de verde e com batom vermelho todo borrado, enfrentei”, revelou à revista Istoé Gente.
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