Desde que se consolidou de volta no Grupo Especial a partir de seu último retorno para a elite do carnaval em 2010, a União da Ilha tenha escolhido o samba mais bem avaliado dessa recente trajetória. A tricolor insulana optou pelo retorno de uma temática afro, o que não ocorria na agremiação desde 1998. Escola de característica leve historicamente, a Ilha também sabe desfilar dentro das matrizes ancestrais africanas. Vide o desfile de Fatumbi no ano citado, que deu um dos grandes sambas de sua trajetória.
Para atingir o objetivo que é buscar uma melhor colocação em relação a 2016, a Ilha foca nos ensaios técnicos de comunidade que desde o ano passado seja na quadra ou na rua vem lotando as dependências da escola.
A Ilha desfilará em 2017 com 3.400 componentes, onde apenas 350 fantasias estão disponíveis para venda. Desse contingente restante cerca de 80 são baianas e 80% do total participa de cada ensaio. O diretor de carnaval da União da Ilha é Wilsinho Alves, que estreia este ano na agremiação. Segundo o experiente dirigente, a característica fundamental desse tipo de ensaio é a exploração massificada do canto e da dança visando as notas de harmonia e evolução.
– A questão mais explorada é o canto e eventuais alterações que tenham sido aplicadas no samba. Em um segundo momento a evolução é mais abordada, a alegria e a espontaneidade do componentes, dentro de uma organização de alas, demarcação. Eu acho que quanto mais longe você fica do carro de som, mais você se prejudica. Por isso eu gosto da escola bem compacta, eu armo de propósito para que o canto fique uniforme.
No Sambódromo a gente vai fazer demarcação de alegorias, pois temos um contrato com uma empresa que expõe sua marca nos totens das alegorias – explica.
A Ilha possui seguramente um dos maiores intérpretes do carnaval carioca. Entre idas e vindas, desde 2002, Ito Melodia é o cantor oficial da sua escola de coração e no desfile de 2017 completa 15 anos à frente do microfone tricolor. O filho do lendário Aroldo Melodia afirma que o ensaio não serve apenas para elaborar o treinamento de canto e evolução da comunidade buscando a nota 10 nos chamados quesitos de pista.
– É claro que isso é muito importante e acredito que seja o objetivo principal dos ensaios de comunidade sim. Mas especificamente para o cantor e o carro de som é fundamental para que a gente treine as pausas de respiração, os cacos de empolgação e a própria preparação visando o nosso desfile. Graças a Deus a escola está feliz com o samba e eu também pois é uma obra muito qualificada. Nosso trabalho tem sido conduzido com o máximo de seriedade – aponta Ito, que canta o samba na quadra no mesmo tempo de desfile, cerca de 75 minutos.
Ogãs de Angola: a Baterilha
Em lua de mel com a escola, o mestre Ciça comemora as notas alcançadas no carnaval de 2016 e dá detalhes à nossa reportagem do que a Baterilha irá apresentar no desfile deste ano no Sambódromo.
– Vamos levar uns atabaques, mais ou menos dentro daquilo que estamos planejando. Temos umas cartas na manga e o trabalho está legal. Serão 20 atabaques, convidaremos a turma que faz samba e pagode nas noites do Rio. Só craque. Com certeza será um grande desfile. Estamos com 280 ritmistas, o mesmo número de 2016. Eu estou com as bossas prontas para a avenida e no nosso ensaio técnico será um grande teste. A bateria da Ilha virá de ogãs de Angola. Uma roupa leve espetacular. Tudo que um mestre deseja – derrete-se.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da Ilha é formado por Phelipe Lemos e Dandara Ventapane. A dupla vai estrear na agremiação depois de defender o pavilhão da Vila Isabel em 2016. Ciente da responsabilidade, Phelipe declara que o treinamento da comunidade serve também para os ensaios do casal para o desfile.
– Eu gosto bastante de dançar junto da comunidade. Primeiro porque existe um calor humano muito forte, que a gente não encontra nos nossos ensaios sozinhos. Mas também há aquela condição de definirmos tempo e espaço, como as paradas técnicas para os jurados e nos dá uma sensação próxima da avenida – resume Phelipe Lemos.
Fonte carnavalesco
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