Milhares de pessoas acompanham na manhã deste sábado o desfile do maior e mais tradicional bloco de rua do carnaval carioca. O Cordão do Bola Preta leva mais de 1 milhão de pessoas todos os anos para as ruas do Centro do Rio.
O início e o fim se perdem de vista no mar de gente: fantasias criativas, sorrisos enormes e muita bebida se misturam no tradicional bloco do Cordão da Bola Preta, o maior do Carnaval de rua do Rio, que neste sábado reuniu 1,8 milhão de foliões na principal avenida do centro da cidade.
Álvaro Gomes de Oliveira (Caveirinha – no centro, em pé)
O clima de carnaval já toma conta da Cidade Maravilhosa. Falta pouco para essa nova história começar. Contudo, nosso carnaval tem um passado bastante rico em grandes memórias. Um dos capítulos mais marcantes é o Cordão da Bola Preta, o mais antigo bloco carnavalesco do Rio de Janeiro.
O Cordão foi fundado, em 1918, por Álvaro Gomes de Oliveira – o Caveirinha – Francisco Brício Filho (Chico Brício), Eugênio Ferreira, João Torres, Arquimedes Guimarães e pelos três irmãos Oliveira Roxo, Jair, Joel.
Um ano antes, em 1917, alguns sócios do Clube dos Democráticos se rebelaram. Doze deles queriam formar um bloco carnavalesco – já inseridos em um contexto que separava blocos, ranchos e cordões. Entretanto, eles enfrentaram dificuldades na época. Problemas com autoridades.
“Vinham restrições do Chefe de Polícia, que tinha autoridade talvez comparada, nos dias atuais, a de um governador ou de um presidente da República. Mas o bloco conseguiu andar e deu tudo certo”, disse Pedro Ernesto Marinho, atual presidente do Bola Preta e sócio da instituição desde 1974.
Como, “Quem Não Chora Não Mama”, ainda no ano de 1917, mesmo com dificuldades para desfilar, esse grupo que havia saído do Clube dos Democráticos formou o “Só Se Bebe Água”. Somente no apagar das luzes de 1918 (no dia 31 de dezembro) o Cordão ganhou o famoso nome.
Caveirinha com a porta estandarte
“Conta-se que Caveirinha, enquanto festejava na Galeria Cruzeiro do Hotel Avenida, fez o batismo ao ver passar uma linda mulher com um vestido branco e bolas pretas. Daí surgiu o: Cordão da Bola Preta”, destaca o historiador Maurício Santos.
Os anos foram passando e o Cordão da Bola Preta, que no início tinha carros de desfile puxados por burros, se tornou uma das maiores manifestações culturais do mundo.
Carros puxados por burros
Em 2012, o Cordão da Bola Preta passou a desfilar na Candelária e, logo depois, na Avenida Rio Branco – de onde comanda a folia até hoje em dia. No ano seguinte, em 2013, na mesma Rio Branco, o Bola arrastou mais de dois milhões de foliões – média constante nos últimos desfiles do Bloco.
Desfile do Bola
O Cordão da Bola Preta, que se intitula “o maior bloco de carnaval do mundo” (mesmo que isso gere respostas do pessoal do Galo da Madrugada, do Recife), segue firme e forte, fazendo milhões de foliões felizes nesses quase 100 anos de história. Vida longa ao Bola Preta.
Desde o início da manhã, a avenida Rio Branco começou a se encher de gente de várias áreas da cidade. Às 11h00, já não cabia nem mais um alfinete.A multidão era tão grande que várias pessoas terminaram em cima de carros de polícia.
Os blocos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, com um esforço de revitalizar esta parte do Carnaval muito diferente dos desfiles das Escolas de Samba no Sambódromo.Este ano vão desfilar pelas ruas do Rio 492 blocos com um público total estimado em seis milhões de pessoas.
As fantasias vão dos tradicionais bate-bola, passando por personagens atuais, como o presidente americano Barack Obama ou Michael Jackson.Elaine Mathias, 37 anos, trabalha todo o ano para desenhar e confeccionar os trajes de "nêga maluca", que veste toda a família no carnaval. "Ano que vem ano vou trazer surpresas, mas não posso adiantar".
Super-heróis, abelhas, fadas, princesas, bombeiros ou policiais... A única coisa que não é permitida é não se fantasiar. No mínimo, uma camiseta com as cores do bloco.Os blocos, que datam do século XIX, deram origem às escolas de samba e levam nomes engraçados como "Sovaco do Cristo", "Simpatia é quase amor" ou "Que merda é essa?".
A atriz Leandra Leal e a cantora Maria Rita chegaram por volta das 10h à concentração para o desfile do Cordão da Bola Preta. - Esse ano completo dez como porta-estandarte. Estou muito feliz - declarou Leandra.
A rainha do bloco, Maria Rita, disse que é uma honra fazer parte do Cordão da Bola Preta.
- Sou apaixonada pelo carnaval e fico toda arrepiada só de falar da história do Bola Preta. Vejo o carinho como qual o presidente trata o povo.
O cantor neguinho da Beija-flor é o padrinho deste ano. Ele disse que sua história no samba começou no bloco.
- Comecei aqui em 73 e na Beija-Flor em 75. Se alguém me admira, devo ao Bola Preta. Esse carinho não tem cachê que pague.
O Bola Preta desfilou neste sábado pelas ruas do Centro
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