radio verdade

radio verdade

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Festival Z acontece em S.Paulo com Demi Lovato



Devido às circunstâncias de conhecimento público que levaram Selena Gomez a cancelar sua agenda de shows, a organização do Z FESTIVAL acaba de anunciar outra grande estrela, DEMI LOVATO, como headliner do festivalque acontece em 10 de dezembro, no Allianz Parque, em São Paulo.
Outra atração internacional, o trio de música eletrônica norte-americano Cheat Codes, também foi adicionado ao line up, que agora conta com Demi LovatoAnitta,Cheat CodesProjotaTiago Iorc e Manu Gavassi.
Cantora, compositora e atriz, com 24 anos recém completados, Demi Lovato é uma das maiores artistas da nova geração. Estreou na carreira com apenas nove anos e em 2008 se tornou uma celebridade mundial ao protagonizar o filme “Camp Rock”. Atualmente é considerada uma das mais influentes personalidades do show-bizz internacional – tem mais de 118 milhões de seguidores nas redes sociais, já vendeu mais de 28 milhões de discos e singles em todo o mundo, recebeu mais de 100 prêmios, como o MTV, o Billboard e o Britt Awards,  e foi indicada a outros 150.
Demi também está sempre envolvida em campanhas filantrópicas, além de emprestar seu prestígio a causas como a educação dos jovens, os direitos das mulheres e da comunidade LGBT.
Demi Lovato
Cantora, compositora, atriz, defensora da filantropia e mulher de negócios, Demi Lovato  é um dos maiores nomes mundiais em mídia social, com mais de 37 milhões de seguidores no Twitter, 43 milhões de seguidores no Instagram e mais de 38 milhões de fãs no Facebook.
O aguardado quinto álbum de estúdio da artista, CONFIDENT,  foi lançado em 2015. Poucas horas depois do lançamento do primeiro single, “Cool for the Summer “, a música virou um verdadeiro hino mundial, atingindo o primeiro lugar em 37 países. Seu álbum anterior, DEMI, lançado em 2013,  atingiu o primeiro lugar do iTunes em mais de 50 países ao redor do mundo – com o single “Heart Attack” ganhando certificação de platina apenas dez semanas após seu lançamento. “Heart Attack” foi seguido pelo single “Neon Lights”, uma das cinco músicas mais tocadas nas rádios de todo mundo e também disco de platina; e por seu top 10 single “Really Don’t Care”. O álbum foi a base de duas turnês mundiais  (NEON LIGHTS e DEMI WORLD TOUR), com shows em toda a América do Norte, Europa, Ásia, Austrália e Nova Zelândia.
Lovato será também a produtora executiva da trilha musical e a estrela de seu próximo filme, “Charming”, bem como irá dublar a voz de Smurfette no próximo filme de animação “Get Smurfy”.
Além do palco e da tela, seu livro “Staying Strong: 365 Days a Year” tornou-se um best-seller do New York Times em 2013 e Demi lançou também, simultaneamente, sua própria linha de cuidados da pele, DEVONNE By Demi. Em 2014, Demi  foi nomeada a primeira embaixadora mundial para a NYC New York Color Cosmetics e é atualmente o rosto da campanha de publicidade mundial da SKECHERS.
Em 2015, Lovato fechou uma parceria com a EPISODE, uma rede líder de conteúdo para celulares, para fazer Demi Lovato: Path to Fame. Desde o lançamento, sua história foi lida mais de 225 milhões de vezes. Como defensora e porta-voz da juventude, ela atua como um embaixadora oficial de movimentos sociais para melhorar o planeta, como  “We Day” e “Free The Children”.
Como resultado de seu compromisso de longa data para a sensibilização em torno de questões e causas LGBT, em 2016 Demi Lovato recebeu o prêmio Vanguard da GLAAD.

Cheat Codes

Baseado em Los Angeles, Califórnia, o trio de música eletrônica Cheat Codes, formado pelos cantores e produtores Trevor Dahl, Kevin Ford e Matthew Russell, alcançou sucesso internacional no início deste ano com seu single “Sex”, que contém samples do refrão do hit de 1991 “Let’s Talk About Sex” do Salt-n-Pepa.

Shows de Selena Gomez são cancelados

Selena Gomez padece de uma enfermidade chamada Lupus, que possue vários efeitos colaterais como ansiedade, ataques de pânico e depressão. A artista decidiu fazer uma pausa em sua turnê mundial, “Revival Tour“, para poder se dedicar exclusivamente a sua saúde e felicidade. Os shows da cantora que aconteceriam em Curitiba, no dia 6 de dezembro, em Brasília, dia 08 e no Rio de Janeiro, dia 11 de dezembro, estão cancelados.

Veja a lista do Grammy Latino 2017. Vários brasileiros indicados.



A cantora, musicista e atriz de João Pessoa, Lucy Alves, foi indicada ao Grammy Latino de 2017. Ela está disputando a categoria de melhor álbum de músicas de raízes brasileiras, pelo disco ‘No Forró do Seu Rosil’, gravado juntamente com o grupo Clã Brasil.

Lucy Alves concorre na categoria ao lado dos cantores Heraldo do Monte, com o disco ‘Heraldo do Monte’, Alceu Valença com ‘A Luneta e o Tempo’, Elba Ramalho com o disco ‘Cordas, Gonzaga e Afins’, e Almir Sater e Renato Teixeira, apresentando o disco ‘AR’.
Nas redes sociais, a cantora e agora também atriz demonstrou o carinho e a felicidade que sentiu com a indicação. “A deusa música trazendo as alvíssaras”, escreveu. Lucy Alves também é compositora e participou da segunda edição do The Voice Brasil, do qual foi finalista.
Djavan é um velho conhecido do Grammy Latino. Em 2015, o cantor recebeu um prêmio honorário da Academia Latina de Artes e Ciências Discográficas por sua trajetória e contribuição para a música latina. Este ano, Djavan lidera as indicações gerais do Grammy Latino 2017. 
Das categorias principais, Djavan concorre às de maior destaque: Melhor Gravação e Melhor Álbum do Ano, com Vidas pra contar. O rapper paulistano Emicida concorre na categoria Melhor Álbum de Música Urbana, com o disco Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa... 

Foram divulgados os nomes dos indicados ao Grammy Latino 2017, e a lista inclui vários brasileiros. Djavan lidera, com quatro indicações, enquanto Emicida, Anitta e Céu têm uma indicação. 
Sophia Abrahão é a única brasileira indicada na categoria de Artista Revelação, já que, no ano passado, lançou seu primeiro álbum. Já na categoria de Melhor álbum de música sertaneja, quatro dos cinco indicados são brasileiros: Paula Fernandes, Leonardo, Lucas Lucco e Michel Teló.
Confira abaixo a lista completa dos indicados. A premiação ocorre no dia 17 de novembro, T-Mobile Arena, em Las Vegas. 
GRAVAÇÃO DO ANO
Cuestión de Esperar – Pepe Aguiar
Se Puede Amar – Pablo Alborán
Me Faltarás – Andrea Bocelli
Si Volveré – Buika
Vidas Pra Contar – Djavan
Duele El Corazón – Enrique Iglesias feat. Wisin
Ecos de Amor – Jesse & Joy
Lado Derecho Del Corazón – Laura Pausini
Iguales – Diego Torres
La Bicicleta – Carlos Vives & Shakira

ÁLBUM DO ANO
Tour terral Tres Noches En Las Ventas – Diego Torres
Cinema – Andrea Bocelli
Mil Ciudades – Andrés Cepeda
Vidas Pra Contar – Djavan
Conexión – Fonseca
Los Duó 2 – Juan Gabriel
Un Besito Más – Jesse & Joy
Donde Están? – José Lugo & Guasábara Combo
Buena Vida – Diego Torres
Algo Sucede – Julieta Venegas

MÚSICA DO ANO
A Chama Verde – John Finbury feat. Marcella Camargo
Bajo El Agua – Manuel Medrano
Céu – Celso Fonseca
Duele El Corazón – Enrique Iglesias feat. Wisin
Ecos de Amor –Jesse & Joy
En Ésta No – Sin Bandera
Es Como El Día – Kevin Johansen + The Nada
Hermanos – Fito Páez & Moska
La Bicicleta – Carlos Vives & Shakira
La Tormenta – Los Fabulosos Cadillacs

ARTISTA REVELAÇÃO
Sophia Abrahão
Alex Anwandter
The Chamanas
Esteman
Joss Favela
iLe
Mon Laferte
Manuel Medrano
Morat
Ian Ramil

MELHOR FUSÃO / INTERPRETAÇAO URBANA
Una En Um Millón – Alexis y Fido
Cumbia Anthem – El Dusty feat. Happy Colors
Hasta Que Se Seque El Malecón – Jacob Forever
Pra Todas Elas – Tubarão feat. Maneirinho & Anitta
Encantadora – Yandel

MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA URBANA
Energía – J. Balvin
Luz – El B
Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa – Emicida
Visionary – Farruko
Despierta – Arianna Puello

MELHOR ÁLBUM CANTAUTOR
Todavía – Francisco Céspedes
Vidas Pra Contar – Djavan
Arde Estocolmo – Pedro Guerra
Mis Améicas Vol ½ – Kevin Johansen + The Nada
Auténtico – Alejandro Lerner
Manuel Medrano – Manuel Medrano

MELHOR ÁLBUM INSTRUMENTAL
Mercosul – Víctor Biglione
Samba de Chico – Hamilton de Holanda
Donato Elétrico – João Donato
Argentum – Carlos Franzetti
Mosaico – Bruno Miranda

MELHOR ÁLBUM CRISTAO EM PORTUGUÊS
Graça Quase Acústico – Paulo César Baruk
A Vida Num Segundo – Ceremonya
Deus No Esconderijo Do Verso – Padre Fabio de Melo
Reaprender – Adelso Freire
Deus Não Te Rejeita – Anderson Freire

MELHOR ÁLBUM POP CONTEMPORANEO EM PORTUGUÊS
Tropix – Céu
Troco Liks – Tiago Iorc
Território Conquistado – Larissa Luz
Mundo – Mariza
Leve Embora – Thiago Ramil

MELHOR ÁLBUM DE ROCK EM PORTUGUÊS
Manal – Boogarins
Derivacivilização – Ian Ramil
Éter – Scalene
Canções de Exílio – Jay Vaquer
Distante Em Algum Lugar – Versalle

MELHOR ÁLBUM SAMBA/PAGODE
De Bem Com a Vida – Martinho da Vila
Notícias Dum Brasil 4 – Eduardon Gudin
Tem Mineira no Samba – Corina Magalhães
Na Veia – Rogê & Arlindo Cruz
Samba Para Mangueira – Vários

MELHOR ÁLBUM MPB
Dilúvio – Dani Black
Todo Caminho É Sorte – Roberta Campos
Like Nice –Celso Fonseca
Delírio – Roberta Sá
A Mulher do Fim do Mundo – Elza Soares

MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA SERTANEJA
Amanhecer – Paula Fernandes
Bar do Leo – Leonardo
Adivinha – Lucas Lucco
Baile do Teló – Michel Teló
Sóis – João Victor

MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA DE RAÍZES BRASILEIRAS
No Forró Do Seu Rosil – Lucy Alves & Clã Brasil
Heraldo do Monte – Heraldo do Monte
Cordas, Gonzaga e Afins – Elba Ramalho
AR – Almir Sater & Renato Teixeira
A Luneta e Tempo – Alceu Valença

MELHOR MÚSICA EM PORTUGUÊS
Amei Te Ver – Tiago Iorc
D De Destino –Almir Sater & Renato Teixiera
Maior – Dani Black feat. Milton Nascimento
Maria da Vila Matilde – Elza Soares
Vidas Pra Contar – Djavan

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Vitrine musical apresenta nesta quinta, Wilson Simonal, O primeiro showman negro do Brasil, veja sua história.




A carreira

Wilson Simonal de Castro nasceu no Rio, em 1939. Ao servir o exército começou a cantar nas festas do regimento. Depois da baixa das forças armadas começou a cantar em shows, principalmente rocks e calipsos, cantados em inglês. Por volta de 1961 foi descoberto pelo produtor e compositor Carlos Imperial e aí começa sua carreira profissional. Em 1963 é lançado pela Odeon o LP "Wilson Simonal tem algo mais", com arranjos do veterano Lyrio Panicali. Esse disco contava com sucessos da bossa nova como "Telefone" e "Menina flor". "Amanhecendo", de Roberto Menescal e Lula Freire, que tinha uma gravação bem sucedida com "Os Cariocas", recebeu aqui um tratamento suingado, jazzístico, com um resultado impressionante. Não havia dúvidas, estava ali um potencial grande cantor. Comprei agora os CDs para ouvir de novo algo que não ouvia há uns bons 40 anos e confirmei que ainda gosto. Surpreendeu-me a voz jovem do cantor principiante. (Um parêntese, é um saco ser obrigado a comprar uma caixa de 8 CDs, ou como me aconteceu recentemente com Nara Leão, uma caixa de 14 ? que não comprei).

O LP seguinte, o segundo da fase bossa nova, foi "A nova dimensão do samba", de 1964. Arranjos de Panicali e do novato Eumir Deodato. Esse abria com "Nanã", do genial Moacir Santos. Contava com "Só saudade" e "Inútil paisagem", de Tom, "Rapaz de bem", de Johnny Alf, entre outros. Acho que a faixa mais impactante era "Nanã". Este disco confirmava o grande cantor. Simonal começava a ganhar a fama de melhor cantor da bossa nova, aproveitando-se da reclusão do papa João Gilberto, que raramente cantava. (Eu, que era fanático por João desde o 78 rotações com "Chega de saudade", de 1958, só cheguei a vê-lo ao vivo lá por 1980.)

O terceiro LP foi "Wilson Simonal", lançado em março de 65, menos de um ano depois do anterior, fato raro no Brasil. Novamente arranjos de Lyrio Panicali e Deodato. Para mim a faixa impactante foi "Chuva", de Durval Ferreira e Pedro Camargo. Tinha ainda algumas músicas de Ary Barroso, outras de Carlos Lyra, Tom Jobim, e "Rio do meu amor", de Billy Blanco, que Simonal defendeu num festival da época. E tinha, para choque dos fãs da bossa nova, uma canção que estava mais para rock do que para MPB, "Juca bobão". Era o prenúncio da queda.

Deixando de lado tantos detalhes, Simonal gravou algum tempo depois disto uma canção chamada "Mamãe passou açúcar em mim". A letra dizia mais ou menos assim: "Eu era neném, não tinha talco, mamãe passou açúcar ni mim". A idéia é que o narrador tinha ficado tão doce que as mulheres, a vida inteira, corriam atrás dele. Um besteirol total, como letra e como melodia. Pois foi essa canção que levou o cantor para a popularidade com o grande público, fazendo com que chegasse a rivalizar com Roberto Carlos na preferência do público. Tinha nascido a pilantragem, nome que ele deu a esse estilo iniciado com "Juca bobão" e consagrado com "Mamãe passou açúcar?".
Os amantes da música de boa qualidade ficaram chocados com esse barateamento de um talento e se afastaram de Simonal. Mas talentoso ele continuou. Não assisti à famosa cena em que, no Maracanãzinho lotado, ele colocou o público para cantar, em duas vozes, fazendo com que todos cantassem afinados e no tempo certo. Quem assistiu diz que foi impressionante. Mas assisti em 1970, e vi de novo agora em vídeo que está disponível no YouTube, ao dueto dele com Sarah Vaughan, transmitido pela TV Tupi. Em duas canções, "Oh happy days" e "The shadow of your smile", o jovem cantor de 30 anos dialoga com uma das rainhas do jazz, de 45, de igual para igual, improvisando, variando, e sendo tratado por ela absolutamente como um igual. Novamente, é impressionante.




O crime

De repente Simonal sumiu. Parou de fazer shows, não gravou mais. Aos poucos os fatos se espalharam pelo Rio: Simonal seria dedo-duro do DOPS ? o famigerado Departamento da Ordem Política e Social, para onde eram levados os presos políticos. Qualquer músico que tocasse com ele iria para uma lista negra e não tocaria mais. O cantor precisava no mínimo de um pianista, de preferência um baixista e um baterista também. SIMONAL NUNCA MAIS CANTOU. Sobreviveu mais de vinte anos sem poder cantar, até morrer de cirrose causada por alcoolismo. Eu me lembro do diálogo que tive com um amigo que tocava contrabaixo:



"É verdade essa história de dedo-duro?", perguntei.

"Não tenho a menor idéia", foi a resposta.

"Mas então por que você não toca com ele?"

"Porque se eu tocar com ele fico proibido de tocar, ninguém mais vai tocar comigo."

A proibição foi 100% eficaz, e durou até a morte de Simonal.

Não vi esse novo documentário, mas li tudo que achei nos jornais sobre ele. Eis os fatos reais, de acordo com o relato de diferentes pessoas: Simonal achava que seu contador o estava roubando, e contratou dois meganhas para dar uma surra no mesmo. O surrado deu queixa na polícia e o cantor foi processado e condenado ? entendo que não foi preso por ser criminoso primário. A história se espalhou e muita gente do meio musical cobrou de Simonal por que ele teria mandado dar a surra.

Acontece que os meganhas contratados por ele eram do DOPS, tinham feito um bico no horário de folga. Simonal, que tinha um lado infantil e mentiroso, passou a espalhar: "Ninguém mexa comigo porque eu tenho amigos no DOPS". Essa mentira, somada ao fato de que o cantor era visto como favorável ao governo militar, fez com que alguma misteriosa entidade dona da verdade "politicamente correta" decretasse o banimento dele. Ninguém sabe, ninguém viu, quem era essa misteriosa pessoa, ou grupo de pessoas, que teve esse poder monstruoso: decretar a morte profissional de um grande artista. (Não me esqueço de que ele tinha prostituído seu talento, mas ouso pensar que quando essa moda idiota da "pilantragem" se esgotasse algum arranjador de talento o convenceria a gravar música de boa qualidade novamente. Que tal um disco Simonal/Luis Eça?)

Resumindo: um grande artista, aos trinta e poucos anos de idade, foi privado do exercício da sua profissão e de seu talento com base numa mentira sórdida. E o meio musical se acovardou e aceitou isso calado.

Fonte: EBC


Wilson Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei retoma a história de um dos músicos mais populares que o Brasil já teve; "Errar faz parte da essência humana", diz Max de Castro, filho do cantor acusado de "dedo-duro da ditadura"
Wilson Simonal

Wilson Simonal costumava ser o Pelé das rádios. Mas acabou chutado para as últimas divisões da música brasileira.

Na década de 1960, fez e aconteceu: regeu um coro de 30 mil pessoas no Maracanãzinho, estádio do Rio de Janeiro, com o sucesso "Meu Limão, Meu Limoeiro", levou com um pé nas costas dueto com a sempre intimidante diva do jazz Sarah Vaughan e gozou de popularidade que só encontrava rival à de Roberto Carlos.
A partir dos anos 70, no entanto, sua carreira desancou ladeira abaixo. E desceu o fundo do poço. Lá ficou até a morte do cantor, em 2000, aos 62 anos. Em 1971, um episódio nefasto, que lhe salpicou com a pecha de "dedo-duro da ditadura", fez com que a breve menção de seu nome disparasse sirenes entre a classe artística. Outrora amado pelas massas, encontrou o fim da linha justamente quando todo um novelo de sucessos ainda estava para se desenrolar à sua frente.
Com estreia nos cinemas brasileiros, o documentário Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei, codirigido por Cláudio Manoel (sim, o "Seu Creysson" de Casseta e Planeta), Micael Langer e Calvito Leal, quer ver essa história passada a limpo - e não em nuvens brancas. E, em 84 minutos, vai atrás do vespeiro que, por quase quatro décadas, ninguém fez questão de cutucar. Seja para ver se dali saía o mel de um dos músicos mais populares que o país já teve, seja para encontrar o fel de um colaborador do regime militar, num momento em que vários artistas iam parar no saguão do aeroporto, rumo ao exílio, ou, pior, nos porões do DOPS, o temível Departamento de Ordem Política e Social.
Pai dos também músicos Max de Castro e Simoninha, o cantor foi comentado, no filme, por detratores da época, como Ziraldo, Sérgio Cabral e Jaguar - todos do histórico jornal O Pasquim, famoso por jogar política e sátira na mesma panela. Entre esses, há quem faça mea culpa. Já Boni, então chefão da Rede Globo, confessa que o cantor chegara a ser boicotado na emissora. Simonal pegava mal, com o perdão da rima. Do outro lado, foi lambuzado de elogios por Pelé, Nelson Motta e Chico Anysio - que viu a queda do típico "boa-praça" carioca como fruto "de um tempo de intolerância".
A acusação de ser informante do SNI (Serviço Nacional de Informações) começou quando Simonal quis dar basta a uma coceira chatinha: desconfiava que seu contador estava o passando para trás. O músico, que - hoje a tese mais difundida - não bambeava nem para a direita, nem para a esquerda, tinha uns camaradas no DOPS. Mandou os amigos irem lá "dar uma coça" no sujeito. Entrevistado pelos documentaristas, o contador, hoje recluso, negou a denúncia - alegou ter inventado a confissão só para despistar dos miitares.
Daí para Simonal ser acusado de entregar diversos colegas da classe artística foi um pulo. E a queda foi feia. Max de Castro lamenta "pelas coisas que aconteceram como aconteceram". Mas diz que seu pai dançou no tribunal histórico sem ter qualquer direito de se defender. "Ele acabou sendo vítima do processo." Mas e quanto à fatídica noite de 24 de agosto de 1971, quando agentes do DOPS estacionaram o Opala do artista à porta da casa do chefe de escritório Raphael Viviani? "A atitude que ele tomou naquele momento..." Do outro lado da linha, uma pausa. Breve. "A gente tem que entender que todo ser humano erra. Errar faz parte da essência humana." Max também não teve vontade alguma de encarar o pivô do baque do pai. "Não tenho nenhum vínculo emocional."
A tese do filme é clara: seja pela ingenuidade, alienação ou pleno desinteresse, Simonal não ligava para política. Sua vida não era . Definitivamente, ele não fazia, sequer o desejava, parte da intelligentzia carioca. Sua boemia era suburbana - e com orgulho. Para ele, as coisas se resolviam no braço, "entre homens", mas isso não quer dizer que ele correspondeu à fama de "dedo-duro" que tanto o assombrou.
O documentário não dá um ponto final no caso, mas abre o capítulo de um livro que por muito tempo o Brasil tentou esconder na prateleira mais alta, da estante mais afastada. Mais do que ir atrás dosporquês, é interessante desvendar como o Brasil conseguiu despachar "para a Sibéria" (termo usado pelo já falecido jornalista Artur da Távola) um artista tão onipresente nos anos 1960?
O assunto não era muito tocado na casa dos Simonal, "pois éramos pequenos para entender", disse Max. Mas o músico lembra de que a família teve de deixar Ipanema ("coração da intelligentzia carioca; onde o clima era muito hostil") para "fugir das perseguições". Acabaram se mudando para São Paulo, em parte para aliviar "os problemas emocionais que minha mãe teve".
Além do documentário, no que já vem sendo chamado de "ano Simonal", está para sair uma caixa com nove álbuns feitos entre 1961 e 1971 e a biografia Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, do jornalista Ricardo Alexandre. Vem a calhar: para Max, os 84 minutos de fita não teriam como dar conta de tanta história. "Assistindo ao documentário, parece que todo sucesso de meu pai aconteceu da noite para o dia. O livro vai contar a infância pobre do Simonal, de como ele saiu da condição de ser filho de empregada doméstica para virar um astro. Desde shows em boates, para público de 40 pessoas, ou quando ele estreou no Beco das Garrafas (famoso pico da boemia carioca da época, em Copacaba) até os 30 mil do Maracanãzinho."
O autor de "Nem Vem Que Não Tem", para o filho, deixou seu legado, ainda que "muita gente - principalmente os que nasceram dos anos 1970 para cá - não pudesse nomear, reconhecer a referência". Djavan, por exemplo, começou cantando o repertório de Simonal em bares de Alagoas. "O próprio Luiz Melodia chegou para mim, em uma pré-estreia (do doc) no Rio, e disse que foi influenciado por meu pai, no início da carreira. Mas de repente alguns músicos sacaram que talvez não fosse tão bacana citar meu pai como referência. Isso poderia queimar o filme do cara."
A iniciativa de Cláudio Manoel em levar o filme adiante foi, ainda hoje, um ato corajoso, afirma Max. Desde a primeira reunião, em 2001, muita gente tentou murchar o projeto. E não só antigos difamadores do cantor. "Mesmo amigos de Simonal, que temiam o tipo de abordagem que seria feita. Cláudio acabou vendendo o apartamento (para realizar a obra). Foi algo tipo, 'mexeram no meu brio, agora eu vou fazer de qualquer jeito!'", contou Max.
Para o músico, nascido um ano depois do malfadado capítulo da história da MPB, "o que mais me saltou aos olhos foi a questão de Simonal ser o primeiro popstar negro do país". Ele continua: "outro dia mesmo, um repórter negro veio me entrevistar. Eu cheguei e disse: 'Bom, em 1967, meu pai tinha um programa no horário nobre da Record, a líder da época. E hoje? Que artista negro tem isso?'. O cara ficou sem resposta."

por POR ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
fonterollingstone.uol 


Alguns de seus discos












  • ivete





  • SAMBA CAMPEÃO 2017
  • Grande Rio – Carnaval 2017


    Ivete do rio ao Rio!
    Meu nome é Ivete Sangalo, e em 2016 tive a honra de ser escolhida para enredo da Acadêmicos do Grande Rio, E é para vocês que eu conto a minha história, feita de amor e muita paixão…
    Eu nasci em Juazeiro na minha amada Bahia, e guardo na memória o chão rachado da caatinga, a poeira das estradas, o imenso Rio São Francisco, cheio de carrancas coloridas protetoras de seus pescadores. Desde pequena ouvi contarem da lenda da Serpente dos Olhos de Fogo que dizia:
     (….)Havia uma bela menina, que foi se admirar no espelho d’agua do rio e surpresa com sua beleza, esqueceu da hora  da avemaria, e por isso foi transformada numa enorme serpente  que mergulhou e foi se esconder na Ilha do Fogo.
    Esta serpente assusta pescadores, navegantes e lavadeiras, mas Nossa Senhora das Grotas amarrou a serpente em seu ninho com três fios de seus cabelos. Dois fios já se partiram criando inundações terríveis, e se o ultimo fio romper inundará de vez a região de Juazeiro e Petrolina.
     Em meus sonhos, nossa Senhora colocou este ultimo fio em minha mão para dominar a serpente e o mundo com meu canto e minha energia! O povo deste lugar reza muito em romarias, enfeita as barcas com carrancas para proteger pescadores e navegantes, e segurando este fio eu e a Grande Rio contaremos uma bela historia, de festas, carnavais e das minhas muitas viagens pelo mundo.
    -*-*-*-*
    Lembro-me de meus pais como um casal apaixonado, ele caixeiro viajante, de origem espanhola, trazendo da Espanha belos violões cheios de fitas. Minha mãe era pernambucana, dona de uma voz afinada, do gingado do frevo e da paixão pela vida. Eles reuniam os filhos e amigos para saraus musicais. Nas festas de São João dancei quadrilha… e nos carnavais pulei na folia de clubes e blocos de caretas. Juazeiro me fez sertaneja de coração, e essa infância musical e festeira, junto com o amor de meus pais, guardo ate hoje na memória.
    -*-*-*-*
    Guardei na memória o chão seco de Juazeiro, mas também as estrelas do céu azul que me acompanharam ate Salvador, para onde me mudei para poder continuar meus estudos.
    Lembro bem do trio elétrico de Moraes Moreira, escutando “Pombo Correio” ao som daquela guitarra estridente… E fiquei sabendo que a “Fobica” de Dodô e Osmar já arrastavam o povo fazia tempo!   Com o tempo me deixei levar pelo mar de ritmos, batuques dos blocos, bandas e trios elétricos, pois Salvador era um universo mágico, um caleidoscópio musical!
    As ruas de Salvador, na folia, tinham de tudo, a tradição dos blocos de índios, como o “Apaches do Tororó”. Os blocos afros de raízes africanas como o Ile Aye e o Olodum, e o Afoxé Filhos de Gandhy com sua mensagem de paz. A cidade se vestia de cores e  ar se enchia com o som dos tambores,  os mistérios dos orixás embalando os foliões, assim era a Bahia de Todos os Santos…
    Aquela cidade de lindas praias e ladeiras inclinadas, de gente tão bonita, me seduziu. E a majestosa Igreja do Senhor do Bonfim, a capoeira, o samba de roda, as baianas de acarajés, tantas belezas amarradinhas nas fitas do Bonfim… Mergulhei inteira na folia baiana!
    -*-*-*-*-
    Precisando ganhar dinheiro e ajudar a família, fui cantar com meu violão em barzinhos, no momento em que se difundia o fenômeno do axemusic . Todos cantavam “Fricote”, conhecida como “Nega do Cabelo Duro”   de Luiz Caldas e também a musica “Faraó”  com Margareth Menezes,   que levou o Olodum ao sucesso nacional falando de raízes negras e egípcias.
    E o axemusic tornou-se sucesso nacional com “Canto da Cidade” e sua rainha Daniela Mercury. Foi neste furacão musical que encarei a Micareta do Morro do Chapéu, no meu primeiro trio elétrico!
    Então fui convidada para ser cantora da Banda Eva no carnaval de Salvador, mergulhando no mar de sonoridades e ritmos que já conhecia, e encontrei a Timbalada, me embalando ao som daqueles tambores e timbaus melodiosos… O axemusic com o som das guitarras elétricas, berimbaus, agogôs e tambores já ecoava por todo Brasil!
    E decolamos com sucessos que ate hoje estão ai na memoria nacional e que revelavam um lado bem romântico, mas também a energia que levava nosso trio elétrico pelas ruas de Salvador… “Alo Paixão”, “Flores”, “Beleza Rara” e “Carro Velho”. A nave da pequena Eva cruzou os céus do Brasil levando o ritmo do axemusic além do infinito, consolidando-se como um gênero musical poderoso. Na virada do milênio mais uma vez o destino me desafiava e  da astronave reluzente pulei para pilotar minha carreira solo!
    Foi numa quarta-feira de cinzas que me desliguei da Banda Eva, em 1999, para emplacar sucessos como “Canibal” e ampliar meu repertório. O suingue da minha voz permitia me movimentar por vários gêneros, contando com parceiros musicais que ate hoje são grandes amigos e companheiros de estrada!  Em 2002 a musica “Festa”  seria um de meus maiores sucessos, e “misturando o mundo inteiro”, trazendo o povo do gueto, tornei-me uma estrela nacional. Iniciando mais um tempo de alegria, comemorei meus dez anos de carreira cantando “Chica Chica Bom Chic”, relembrando a eterna Carmem Miranda.
     E para divulgar nossa cultura, participei de grandes shows internacionais  reunindo multidões E eu me revelei em novos papéis, ampliei meus horizontes atuando em filmes, novelas e apresentando programas de televisão, sem abandonar meu universo musical. E a Mãe Preta trouxe uma energia muito forte, das mães baianas e da própria maternidade.
    Já são mais de 20 anos de estrada… Foi então que a Acadêmicos do Grande Rio me chamou!
    Reencontrei o Rio de Janeiro e suas belezas naturais e seguindo para a baixada fluminense, encontrei o forró da feira de nordestinos na a multicolorida feira de Caxias! Fiquei extasiada e reencontrei muitos ritmos nesta cidade, o funk, o samba e o pagode, e Caxias se tornou a minha real fantasia!
     E juntos levaremos para a avenida os segredos do “Berimbau metalizado”,  puro carnaval baiano com uma batida heavy metal.  Seduzida pelo calor desse povo cantei  “Muito Obrigado Axe”  saudando  em terras cariocas os orixás de minha Bahia tão amada!
    Encontrando o ultimo trio elétrico encantado, senti que a “Sorte Grande” havia chegado!
    O amor que sinto pela musica e que nunca me deixou, é o amor de meus fãs, meus querubins e foliões pipocas, que se misturam a esta multidão alucinada nas arquibancadas, celebrando a união feliz de dois universos musicais – no gingado do  malandro carioca e no ritmo sensual baiano – sob os olhos da serpente que se transformou no símbolo do infinito, inundando a avenida de alegria e levantando a poeira de estrelas!
    Tudo isso é…
    Ivete do rio ao Rio!