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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A UNIÃO É QUE FAZ O SAMBA SER FORTE: IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE AJUDA O IMPÉRIO SERRANO A TERMINAR SUAS ALEGORIAS.


Graças a uma ajuda da Imperatriz Leopoldinense, escola apadrinhada em sua fundação pelo Reizinho de Madureira, e do empenho da equipe comandada pelo carnavalesco Severo Luzardo, já está tudo pronto para o desfile deste ano. Para tentar voltar à elite da folia, a agremiação contará a história do Morro da Serrinha, onde estão suas raízes, através do olhar de Silas de Oliveira, considerado o maior compositor de sambas-enredo de todos os tempos.

Ainda atolado em dívidas legadas de outras administrações, o Império sofreu mais que as outras escolas os desdobramentos da crise econômica no Carnaval. Prestes a realizar o sétimo desfile seguido fora da elite, a escola contou com a ajuda do presidente de honra da Imperatriz, Luizinho Drummond, para conseguir deixar tudo pronto. A afilhada, que já homenageou Silas de Oliveira em 1974, agora é “madrinha”, repetindo uma receita que ajudou o Império no ano passado.





Luizinho inclusive vai desfilar ao meu lado. Ele nos abriu o barracão e permitiu pegar tudo o que fosse necessário, materiais, roupas”, conta a presidente Vera Lúcia. “Sem a Imperatriz, não chegaríamos ao nível de desfile que já chegamos. Usamos madeiras, ferros para os carros. Podemos, assim, investir nos detalhes, em um Carnaval minucioso, feito à mão”, completa o carnavalesco Luzardo.


Um morro de pequenas dimensões em Madureira, pouco antes de Vaz Lobo, mas um lugar de grande relevância para a cultura popular, marco das trocas entre África e Brasil e, claro, berço de alguns dos principais sambistas da história. O Império Serrano falará da Serrinha, lembrando as letras de Silas de Oliveira com ênfase nos detalhes. No carro da religiosidade, o padrinho São Jorge virá abençoado pelo manto imperial. Em homenagem à extinta Prazer da Serrinha, uma lembrança ao enredo Cais Dourado, de 1942, e uma alegoria lembrará a chegada dos primeiros negros bantos e do jongo.


Fechando a festa, do alto, um inflável gigante com a imagem de Silas de Oliveira, presa em carro que representará o céu para onde foi o poeta. No carro, imagens dos parceiros e presença dos parentes vivos.

Arlindo Cruz: "Fé em Silas"


Ao cantar ‘Aquarela Brasileira’, clássico levado pelo Império Serrano de autoria de Silas de Oliveira no Carnaval de 1964, Arlindo Cruz disse: “é o maior compositor de samba-enredo de todos os tempos!”. Pudera: ele assinou pérolas como Cinco Bailes da História do Rio, Heróis da Liberdade, e belos sambas de amor como Senhora Tentação, gravado por Cartola.


“Quem vai fazer samba no Império se inspira no apreço do Silas à História, e na coisa mais pagodeada que o Beto-Sem-Braço fazia”, explica o bamba, citando outro compositor histórico do Império.




Para falar de Silas e da Serrinha, a letra passeia pelas histórias que Silas ouviu dos avós sobre o passado da comunidade, o surgimento das escolas de samba e a modernidade de hoje, que o compositor só viu do céu. Ciente das mudanças, Arlindo compara seu tempo à época do histórico imperiano e diz que os sambas-enredo são mais acelerados hoje em dia, mas sempre há “um ou dois a cada ano que lembram os antigos”. “Silas reverenciou seus ancestrais, e agora é nossa vez. É hora do imperiano voltar ao seu lugar: vencedor”, diz o sambista, cantando o refrão deste ano.

O motivo para confiança? É claro, a memória da escola. “Nos damos bem com mulheres. Tia Eulália (em cuja casa nasceu a escola, em 1947), Dona Ivone Lara, e, agora, a presidente Vera. Vai subir e não cai mais”, aposta.


Fonte: O dia

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