radio verdade

radio verdade

domingo, 27 de setembro de 2015

Com Martinho da Vila, O Samba é filme que gringo deve ver.








“Para mim, o carnaval não é o principal do samba”. Quem diz isso é francês Georges Gachot (Maria Bethânia Musica É Perfume, Nana Caymmi Em Rio Sonata), diretor do documentário O Samba, que estreia hoje  nos cinemas brasileiros. Mesmo sendo o carnaval e a escola de samba Vila Isabel os fios condutores, o cineasta dá uma visão bem diferente da usada na maior parte das produções sobre o gênero – principalmente se tratando do olhar de um estrangeiro.
“A primeira ideia que eu tinha do samba era tão errada que eu procurei primeiro entender a poesia e toda a história. Então eu pensei: ‘Eu quero apresentar às pessoas de fora do Brasil o samba que não é só mulher com a bunda de fora’. É uma coisa terrível, porque toda a publicidade turística fora do Brasil tem uma mulher na praia ou no carnaval. E samba não é isso”, fala Gachot.
Através de entrevistas com personagens populares, diálogos e captura de momentos espontâneos sempre em planos longos, Gachot humaniza o universo do samba, buscando entender a história por trás de uma comunidade dedicada o ano inteiro para a suntuosa festa de um fim de semana. O drama é sentido quando um dos personagens fala sobre o fato dos destaques do Carnaval serem celebridade e não membros da comunidade.
O personagem central deste enredo é o compositor Martinho da Vila, justamente a porta de entrada para o francês no ritmo brasileiro. “Eu ganhei um CD de Martinho cantando Noel Rosa [2010] e, de cara, já gostei muito”, conta ele. “Oito anos depois de chegar no Brasil, eu entrei na quadra da Vila Isabel e Martinho me mostrou um lado que não conhecia. Fiquei apaixonado”.
Dedicado ao enredo do Carnaval 2016 da Vila Isabel, que ainda será escolhido entre outras composições, o compositor de “Devagar, Devagarinho” falou com a Billboard Brasil sobre o filme e o samba que segue em passos rápidos.
Como foram as gravações? Você gostou da experiência?É meio chatinho, sabe [risos]. Imagina lá você, com uma câmera de reportagem e uma equipe atrás de você, tem uma hora que incomoda. Mas não doeu muito não.
Como personagem, o que você percebeu como a maior curiosidade do diretor, qual abordagem ele procurava?Ele ia comigo para Vila Isabel e sempre procurava falar com as pessoas que me conheciam. E a maior curiosidade dele era saber como eu gravava as minhas coisas. Mas eu acabei não explicando muito não [risos].
E você gostou do resultado final?Gostei bastante. Eu estava um pouco apreensivo, porque ele filmou muita coisa, então a edição deve ter sido um problema, né. E eu não assinei nenhum contrato com ele, só falei assim: ‘Se não ficar bom não vai pro ar, vamos fazer um contrato de risco’ [risos]. Ele fez uma pré-montagem num cineminha chamado Cacá Diegues em Duas Barras e eu gostei muito.
No filme, um personagem entrevistado fala sobre o espaço que a comunidade perdeu como destaque nas escolas…É, esse é o caminho. Hoje as rainhas de bateria são todas personalidades, atrizes, colunáveis. Mas isso não tem no filme, esse que é o grande lance. Ele termina o filme com uma cena incrível de uma senhora sambando.
E o samba também mudou, acabou ficando mais rápido.Eu vou tentar mudar um pouco isso de novo. Em 2013 eu consegui fazer isso com um enredo sobre o trabalho no campo e nós ganhamos o Carnaval. Em 2016, vamos fazer um enredo sobre Guel Arraes – mas não vamos falar sobre o Guel Arraes político e ideológico; vamos falar do apoio que ele deu à cultura pernambucana.
E o que você acha sobre o samba feito hoje?O samba está seguindo o momento da música brasileira de hoje: é só mão para o alto e cantar “ô ô lá lá”. É música para pular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário