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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Vila Isabel(RJ) está de luto: Morre Mestre Trambique



NA MADRUGADA DO DIA 22 DE FEVEREIRO, QUASE DUAS SEMANAS APÓS O CARNAVAL NOS CHEGA A TRISTE NOTÍCIA DO FALECIMENTO DO FERA DA PERCUSSÃO MESTRE TRAMBIQUE, EM DECORRÊNCIA DE UM CÂNCER.

José Belmiro Lima chegou de Minas Gerais ainda antes de um ano de idade ao Rio se formou na escola do samba e foi mestre de uma geração inteira de músicos. Não há um percussionista sequer no mundo do samba que não o conhecesse e o referenciasse como professor.
Sujeito de poucas palavras e de um humor típico dos sambistas malandros do subúrbio, era figura carimbada em discos e shows clássicos do samba. E dentre outros grandes feitos foi fundador da Herdeiros da Vila, escola de samba mirim de Vila Isabel.
Acompanhou com a maestria da sua percussão diversos nomes da música como: Ney Matogrosso, João Nogueira, Cartola, Wilson das Neves, Wilson Moreira e Bezerra da Silva.
A última vez que o vi em cena foi em show do Moacyr Luz e Makley Mattos no Carioca da Gema em 2007, se não me trai a já combalida memória, em que contavam com um time de primeira. Gabriel Cavalcanti no cavaco, Carlinhos nas 7 cordas, e Zero (outro fera dos tambores) fazendo a cozinha da batucada. Quando cheguei eles tocavam a musica Zuela de Oxum parceria de Moacyr com Martinho da Vila gravada no CD Samba da Cidade, canção que sempre me emociona quando escuto.
Zuela de Oxum com Moacyr Luz e Armando Marçal (outro fera vivo da percussão, herdeiro do legado Marçal – que deveria me render outra matéria em breve)
Eu como nascido e criado em Vila Isabel e pretenso músico, não tardei em atender ao chamado do samba e me aventurei alguns anos da minha vida por esse difícil labor. Quando moleque ainda, despertando interesse pela música e pelos tambores, meu pai ( outro vilisabelense convicto) que era amigo do Trambique me levou até a Praça Sete reduto da malandragem de outrora num samba que rolava em uma oficina mecânica na esquina com a rua Luis Barbosa e me disse:
– Aquele ali é o cara vamos lá que vou te apresentar ele. Disse o coroa.
Conversamos alguns minutos e eu escutava atento seus conselhos…Quando pra minha surpresa ele saca de sua bolsa um reco-reco de madeira que ele mesmo produzia e que logo se tornou objeto de desejo entre os percussionistas do samba, peça que era item de disputa nas lojas do gênero e estava sempre em falta.
Hoje em dia o samba dorme em meu coração, logo que eu me tornei pretenso comunicador, e o reco reco que estava aqui guardado em casa como um instrumento sem uso, agora alça ao status de relicário.
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O reco-reco mais disputado do mundo do samba
Descanse em paz Mestre Trambique. Vila Isabel e suas calçadas músicas te rendem toda a homenagem que mereces.

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